Antes de começar a dar orientações e dicas de como se vestir bem depois dos 50 anos, acho importante explicar o conceito do mundo fashion hoje, ou melhor, do século 21.
A palavra moda significa maneira ou costume do vestir de grupos sociais. E essa forma de se adornar não é somente para proteger o corpo, mas também para diferenciar e representar status social. Sendo passível de influências de movimentos socioculturais (ex: Sufragista feminino), econômicos e políticos, em diferentes tempos da história.
E, não poderia ser diferente agora, nesse momento pós-pandêmico, cuja sociedade vive valores alinhados ao feminismo que defende o direito das mulheres equiparado ao dos homens, juntamente com organizações específicas de feministas negras, indígenas, homossexuais, trans, etc. São mobilidades feministas e tratados internacionais, que romperam paradigmas e favoreceram a mulher na sociedade, política e esferas de poder.
Estou falando de um movimento atual que defende que toda mulher pode ser o que quiser, e isso inclui também o de vestir o que quiser como uma forma de luta contra o preconceito do vestir através do machismo, misoginia, etarismo, bem como da importunação sexual amparada na Lei 13.781/18 – que passou vigorar em setembro de 2018, caracterizada como crime. Afinal, a mulher tem que ter seu corpo e sexualidade respeitados.
Uma roupa colada, decotada ou curta – considerada estilo sensual, jamais poderá ser motivo de abuso sexual ou violência, não é não sempre! Paralelo a esse movimento, não se pode ignorar que existe a famosa etiqueta do vestir da elegância e do bom senso, para locais como trabalho, cerimoniais, entre outros eventos.
Hoje, a liberdade do vestir está mais democrática. A sociedade cresceu, há diferentes gêneros, biotipos e idades com estilos em comum (ex: casualwear) ou diferenciado como os fashionistas. O vestuário contemporâneo traz propostas funcionais, confortáveis e criativas que misturam estilos como, por exemplo, coordenar peça de alfaiataria com tênis, independente de idade e gênero. O que vai diferir é o design, cor, material, gosto e bolso de quem adquire o style.
Portanto, essa preocupação do que usar conforme a idade está ultrapassada. Por que uma idosa não pode usar uma moda praia de duas peças (ex: hot pant ), mas o idoso pode usar sunga? Essas regras machistas já não fazem sentindo para muita gente. Principalmente para as gerações que estão completando meio século agora, pois já foram influenciados nessa transformação comportamental da moda dos últimos 20 anos.
É lógico que há uma geração dos 70 + ainda insegura no que se refere a usar looks mais joviais, pois são de uma época mais rígida no código de vestimentas. Mas, a facilidade das informações e inúmeras opções na atualidade favorecem essa acessibilidade, principalmente com a ajuda de profissionais do segmento de consultora de imagem e estilo como eu (‘puxando brasa pra minha sardinha”), que é possível dar uma boa repaginada sem perder a essência.
Ter mais de 50 anos é uma grande conquista, principalmente para quem busca a longevidade com qualidade de vida, saúde física e mental. Cuidar do corpo vai muito além da vaidade, é autoestima e sabedoria, pois sabemos que as formas do corpo mudam com as perdas hormonais e de massa muscular, o diâmetro da cintura aumenta conforme genética de cada um. Mas, nada nos impede de lançar mão do que o mundo da estética e da moda tem de melhor.
Vestir bem não é usar roupa cara, é saber usar peças de qualidade e durabilidade no tecido e bom caimento, para valorizar o biotipo. Escolher cores neutras e frias como azul, preto, branco, verde escuro e tons de marrons para combinar com algumas cores mais quentes como vermelho, laranja e amarelo dependendo do gosto de cada um. Independente do modismo, é estratégico atualizar o visual sem perder o próprio estilo. A começar pela mudança de cores. Imagine que seu trabalho exija traje sério e na alfaiataria, um terninho para ela e paletó para ele. Então, seria moderno investir nas cores do momento como azul cobalto, cinza claro e caramelo que farão a diferença em “looks totais” monocromáticos, além de alongar a silhueta.
A proposta do look “All Jeans”, por exemplo, que é a combinação de camisa + saia ou calça jeans que ficam joviais, mas a elegância fica por conta da harmonia das lavagens e tonalidades entre si, que são apropriadas tanto para eles como para elas. Enfim, se observarmos as celebridades maduras, vamos perceber que não mudaram seus estilos e sim mantiveram atualizados sem comprometer a sua imagem pessoal e profissional. Abaixo, segue algumas dicas para saber escolher na hora de dar uma limpada no guarda-roupa.
EVITE:
Evite excessos de estampas ou acessórios. Menos é mais!
Listras largas e florais grandes muito coloridos.
Não misturar camisa de futebol com bermuda surfista, prefiram shorts esportivos do mesmo segmento.
Looks infantilizados femininos como minissaia e vestidos curtos de babados.
Não compre blazer colorido pink ou vermelho, enquanto não tiver neutros preto, off-white e cinza.
Regata masculina muito cavada na axila
Nada de sutiã aparente em blusas transparente, use camiseta colada de malha cor da pele ou cor da blusa por dentro.
Lingerie aparente, de má qualidade, que deforma e sobressalta gordura localizada.
Sapato velho: solado e couro desgastado.
Suor aparente embaixo do braço da camisa
Calça caindo sobre o sapato e volume na barra achatam as pernas.
INVISTA
Roupas de qualidade e durabilidade no tecido.
Tecido mole como crepe ou linho são elegantes e deixam a silhueta leve.
Estampas discretas, monocromáticas, como listras e florais de no máximo duas cores entre si.
Vestuário de modelagem e bom caimento passam elegância como blazer estruturado e forrado.
Aposte em saias midi, camisarias de gola perfeita e calças sociais de cintura no lugar (umbigo) ou alta.
Jeans sem desbotamento passa elegância.
Prefira um tênis branco casual, do que um tênis colorido de varias cores.
Sapatos e bolsas do mesmo estilo e cor passam maior harmonia.
Kimonos médios para usar com bermudas e calças jeans justas
Bermudas abaixo do joelho (anos 90) são mais joviais que acima do joelho (anos 70).
Tania Tatsch
Jornalista, Especialista em cultura de Moda ,
Mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura.
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